Desculpe, mas…

Eu escolho ter liberdade.

Eu não quero aposentar sentindo-me medíocre.

Eu sei que posso fazer mais pelo mundo.

Eu tenho muitas ideias que não podem apodrecer na gaveta.

Eu sou muito proativa para “morrer na praia”.

Eu quero ter uma história bonita para contar aos meus futuros filhos.

Eu quero e vou ser feliz!

Essas frases ecoam para você também? De alguma forma sente que fazem sentido? Sente que acabou nessa vida de “concurseiro” meio por acaso, sem entender muito bem porque decidiu isso? Ou, pior, não foi uma escolha sua? Seus pais, a sociedade a fizeram por você?  Ou acredita que passar num concurso público seja uma necessidade?

Vamos lá, acompanhe essa história que vou te contar… talvez se identifique com ela ou lhe traga uma lição importante:

Era o ano de 1993 quando ela, com 12 anos, ouviu pela primeira vez sobre Psicologia. Ficou encantada! Embora muito nova e a pessoa que lhe falasse também tivesse a mesma idade, teve algo que causou impacto. Nunca soube muito bem o que exatamente, mas aos poucos as coisas foram fazendo sentido e decidiu naquele ano ainda que seria Psicóloga! Fez vestibular para Psicologia – não havia outra possibilidade para ela, queria realmente fazer aquele curso! No ano de 2004 se formou, ainda mais convicta que a Psicologia a tinha escolhido! Ela e a Psicologia se misturam tanto que ela simplesmente não sabe como “deixar de ser psicóloga”.

No entanto, o mercado de trabalho, como todos sabem, não é simples de se aventurar. Procurou emprego em várias áreas, teve experiências diversificadas. E em 2006 surgiu a possibilidade de um concurso público. Até então nunca havia sido um sonho ou algo relevante para ela. Porém, era uma oportunidade de finalmente ter “a tal estabilidade” que todos gritam aos quatro ventos que é uma das coisas mais importantes da vida! Resolveu fazer e alguns anos mais tarde foi convocada para trabalhar na Prefeitura de sua cidade, numa secretaria que não se identificava, dentro de um programa de Assistência Social que também nunca se identificou.

Buscou mudar de local de trabalho, gostou de algumas poucas atividades que desempenhou ao longo dos anos, mas havia algo que a incomodava bastante. Esse “algo” a princípio parecia ser pequeno, ela nem mesmo se dava ao direito de questionar, pois sabia que deveria ser grata por estar ali, quando muitos queriam e não estavam. Com o passar do tempo, após 5 anos, o que era pequeno foi aumentando de tamanho e ganhando mais intensidade. Ela começou a adoecer. Foram muitas perseguições, assédio moral (que ela nunca pôde provar) e situações desagradáveis e constrangedoras. Além disso, ela não conseguia simplesmente colocar em prática as ideias que tinha. O excesso de burocracia, a disputa de poder, a ênfase na politicagem, a valorização dos cargos comissionados em detrimento dos servidores efetivos, não permitiam que se pudesse trabalhar feliz – e, muitas vezes, esses fatores inviabilizavam a própria execução do trabalho.

Em 2015 tudo isso veio à tona e, em 2017, após um longo período de dúvidas, de enfrentamento de amigos, familiares e sociedade, ela resolveu tirar licença não remunerada. Sim, licença, pois ainda não chegou ao ponto de pedir exoneração, mas sabe que esse dia ainda vai chegar! Hoje ela está muito mais feliz, fazendo o que ama, que é ajudar pessoas a conquistarem seu sonho e se realizarem profissionalmente, assim como ela está fazendo com ela mesma.

Essa foi a história de uma pessoa que sempre sonhou e correu atrás dos seus sonhos! Ela faz sentido para você? O que tem realizado, com o que tem trabalhado, como tem contribuído para a sociedade, tudo isso está alinhado ao seu propósito de vida?

Uma informação muito valiosa: existe vida fora do funcionalismo público! Sim, e essa vida pode ser abundante! Vamos analisar alguns pontos importantes:

1. Nem todo mundo tem perfil para ser funcionário público

Você já pensou sobre isso? Ou simplesmente estuda desde sempre usando o jargão “estudo até passar” sem refletir sobre as reais razões pelas quais quer ser funcionário público?

Se você já teve alguma experiência profissional, acredito que saiba minimamente o que gosta de executar, como trabalha melhor e aquilo também que é quase insuportável de fazer!

Gosta de trabalho burocrático? Sabe trabalhar com pouca ou nenhuma autonomia? O que faz com as ideias que tem para melhorar o trabalho? Como lida com hierarquia? Trabalhar com metas é algo positivo para você? O que pensa acerca de progressão funcional? Como age quando algum colega consegue uma ascensão por outros meios que não a meritocracia?

Esses são alguns questionamentos que deve fazer antes de decidir qual vínculo empregatício é mais condizente com seus valores. Claro que cada empresa, cada órgão público tem visão, valores, formas de trabalho diferentes. Porém, há alguns fatores comuns no funcionalismo público que você realmente precisa pensar a respeito! Embora não seja uma unanimidade, muitos dos órgãos públicos têm esses fatores em comum:

  • Pouca ou nenhuma valorização de projetos e/ou ideias dos servidores;
  • Remuneração com pouca progressão ao longo dos anos;
  • Excesso de burocracia para execução de tarefas simples;
  • Pouca ou nenhuma autonomia para realização de projetos;
  • Maior valorização de cargos comissionados em detrimento dos servidores efetivos.

Existem, claro, algumas ou muitas vantagens em ser servidor público. O que estou querendo destacar aqui é que há outras opções e que você não precisa se sentir um E.T. por perceber que não tem perfil para ser funcionário público e fazer outra escolha profissional.

2. O mito da estabilidade

Muitas pessoas decidem prestar concurso público por causa da “tal da estabilidade”. Sonham com a ideia de que nada nem ninguém poderá “demiti-lo”. Será que isso é realmente uma verdade absoluta?

De acordo com o artigo 132 da lei 8.112, de dezembro de 1990, a demissão de servidores efetivos será aplicada nesses casos:

– crime contra a administração pública;

II – abandono de cargo;

III – inassiduidade habitual;

IV – improbidade administrativa;

– incontinência pública e conduta escandalosa, na repartição;

VI – insubordinação grave em serviço;

VII – ofensa física, em serviço, a servidor ou a particular, salvo em legítima defesa própria ou de outrem;

VIII – aplicação irregular de dinheiros públicos;

IX – revelação de segredo do qual se apropriou em razão do cargo;

– lesão aos cofres públicos e dilapidação do patrimônio nacional;

XI – corrupção;

XII – acumulação ilegal de cargos, empregos ou funções públicas;

XIII – transgressão dos incisos IX a XVI do art. 117.

Artigo 117 (incisos IX ao XVI)

IX – valer-se do cargo para lograr proveito pessoal ou de outrem, em detrimento da dignidade da função pública;

– participar de gerência ou administração de sociedade privada, personificada ou não personificada, exercer o comércio, exceto na qualidade de acionista, cotista ou comanditário; (Redação dada pela Lei nº 11.784, de 2008

XI – atuar, como procurador ou intermediário, junto a repartições públicas, salvo quando se tratar de benefícios previdenciários ou assistenciais de parentes até o segundo grau, e de cônjuge ou companheiro;

XII – receber propina, comissão, presente ou vantagem de qualquer espécie, em razão de suas atribuições;

XIII – aceitar comissão, emprego ou pensão de estado estrangeiro;

XIV – praticar usura sob qualquer de suas formas;

XV – proceder de forma desidiosa;

XVI – utilizar pessoal ou recursos materiais da repartição em serviços ou atividades particulares

(Referência: https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10990688/artigo-117-da-lei-n-8112-de-11-de-dezembro-de-1990/).

Certo, mas aí você pode me dizer: “Mas isso aí são casos extremos e eu não irei cometer nenhuma falta grave no trabalho! ”. De fato, são situações graves que não costumam acontecer cotidianamente na maioria dos órgãos públicos. O que é necessário que saiba é que a estabilidade não é assim, tão absoluta; ela depende do comportamento do servidor público.

Além disso, há que se pensar acerca do significado dessa “estabilidade”. Quase todo mundo deseja. A maioria das pessoas fica feliz em imaginar que não corre o risco de perder o emprego/vínculo/trabalho. E o revés da estabilidade?

Que tal a estagnação? Se por um lado você é estável, por outro lado, você pode ficar preso. Já imaginou o que é você não se sentir no direito de deixar o vínculo público e passar o resto da vida profissional atrelado a uma realidade que não condiz com seus valores e que não o faz feliz? Um local onde você não sente que seus talentos são aproveitados? Uma vida congelada em prol da estabilidade (aquela mesma que o fez sonhar com viagens, lazer, boa remuneração) e que na verdade tolhe o que há de melhor em você (seu potencial de crescimento)!

3. Existe um mundo repleto de possibilidades que não se encaixam no funcionalismo público

Sim, ele existe, é real e está mais perto do que você imagina! Além das formas de vínculo que você já conhece, quero te apresentar hoje não uma forma de trabalho, mas uma maneira de pensar, agir, uma forma de SER.

Estou falando de Empreendedorismo.

Quando se fala em empreender, logo se imagina a abertura de uma empresa, uma franquia, um carrinho de cachorro-quente ou quaisquer outras coisas do gênero. Mas o que convido você a pensar é sobre a atitude de empreender. Como é isso?

Digamos que você trabalha numa empresa privada, no setor administrativo. Você executa suas atividades de acordo com o que foi instruído. Está indo tudo bem, mas de repente você tem uma ideia sobre um determinado setor que pode ser útil para a organização. O que faz? Pensa que seria muita ousadia falar para o chefe? Não deseja compartilhar por medo? Acredita que não vão te ouvir? Ou você mesmo acaba desistindo e achando que aquela ideia é banal?

O que decide realizar com o insight que teve diz muito sobre você, sobre a sua atitude empreendedora. Você pode, por exemplo, pensar melhor sobre a ideia, colocar num papel, analisar os custos para a execução, fazer um projeto e mostrar a um responsável.

No exemplo citado, estávamos falando sobre uma empresa. E se você faz isso com a sua própria vida? Pensa, analisa, planeja, executa e avalia constantemente. Então, se faz isso, você é uma pessoa empreendedora!

Como se faz isso na prática? É possível aprender?

Claro que sim! Isso é assunto para outro artigo, mas vamos a algumas dicas:

  • Faça pelo menos uma vez por ano um balanço da sua vida profissional;
  • Analise como pode melhorar;
  • Defina um objetivo que deseja alcançar em até 6 meses;
  • Anote num papel todas as ideias;
  • Faça um planejamento do que é necessário para executar;
  • Dê o primeiro passo;
  • Avalie constantemente suas ações;
  • Persevere no seu sonho sempre!

Desculpe, eu não vou fazer concurso público, vou ali sonhar, realizar e ser feliz!

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Cláudia Fragoso
Cláudia Fragoso

Psicóloga formada há 13 anos pela UFRN, especialista em Gestão de Pessoas e Comportamento Organizacional pela UNP, especialista em Psicologia Clínica pela UFRN e possui formação em Coaching Psychology pela Academia do Psicólogo. Realiza atendimentos clínicos com Adultos e Adolescentes, palestras em empresas e o seu foco atual é ajudar pessoas a conquistarem seus sonhos e serem realizadas profissionalmente. Idealizadora do Projeto Perseverar no Sonho, que trabalha autoconhecimento, planejamento de carreira  e realização profissional.



Formação em Coaching exclusivamente voltada para psicólogos formados. Temos o objetivo de capacitar psicólogos a atuarem também como coaches, porém fazendo uso de todo o conhecimento em Psicologia já adquirido ao longo da graduação.

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