Vulnerável segundo a definição do Aurélio (versão online) é o que reflete o lado fraco de uma questão ou o ponto por onde alguém pode ser ferido ou atacado. Logo, sempre atribuímos as palavras ferida, ataque e fraqueza a sentimentos e pensamentos negativos como medo, impotência e incapacidade. Certo?

Para ampliar esta questão usaremos dois autores e suas obras; Marshall B. Rosenberg (autor do livro Comunicação Não-Violenta: Técnicas para aprimorar relacionamentos pessoais e profissionais) e Brené Brown (autora do livro A coragem de ser imperfeito: Como aceitar a própria vulnerabilidade, vencer a vergonha e ousar ser quem você é).

Cabe ressaltar também que a vulnerabilidade aqui será tomada como uma expressão de sentimentos pessoais, que pode impulsionar o desenvolvimento profissional e pessoal das pessoas, e, neste contexto, não está relacionada a questões socioeconômicas e políticas.

O mundo contemporâneo comumente nos faz pensar que expressar sentimentos genuínos que nos remetam a vulnerabilidade ou ao medo nos deixa em posição de desvantagem, principalmente no mundo do trabalho, mas será mesmo? Parece ser muito errado dizer e até mesmo pensar em seus pontos de fraqueza em público.

Ao nos darmos conta de que é na exposição que construímos outros caminhos para a inovação, transformação e desenvolvimento paramos de lutar contra as forças opositoras do medo e da vulnerabilidade.

Não é fácil, mas tem um alto poder de empoderamento de nossas próprias vidas.

A vulnerabilidade coloca todos nós no mesmo patamar de humanidade. Marshall nos lembra a todo o momento que ela pode nos ajudar a resolver conflitos, pois nos coloca em lugar de igualdade com os outros. Se eu vou falar em público, porque não posso expressar meus sentimentos de medo ou ansiedade diante da minha plateia? A interação com o público é mais eficaz quando ele nos reconhece como um humano real e não uma máquina de palavras. A conexão com o outro se faz, muitas das vezes, com a exposição verdadeira dos sentimentos.

Brown nos lembra de que não podemos ficar a vida toda esperando que nos tornemos “perfeitos” e “à prova de bala”, ela pontua que estes conceitos não existem na realidade humana. Eu concordo, e você?

Dar um passo, transformar e “entrar na área na vida”, são atitudes/ações que não podem esperar um momento perfeito e isento de responsabilidades e dificuldades. A dinâmica da vida impede. Respira fundo e vai: “em vez de nos sentarmos à beira do caminho e vivermos de julgamentos e críticas, nós devemos ousar aparecer e deixar que nos vejam. Isso é vulnerabilidade. Isso é a coragem de ser imperfeito. Isso é viver com ousadia.” (BROWN, BRENÉ; 2016, p.10).

Brown nos apresenta quatro mitos sobre a vulnerabilidade, são eles: 1) “a vulnerabilidade é fraqueza”; 2) “vulnerabilidade não é comigo”; 3) “vulnerabilidade é expor totalmente a minha vida”; 4) “eu me garanto sozinho”.

Rapidamente, vamos focar no primeiro mito em que ela nos diz que “abrir mão de nossas emoções por medo de que o custo seja muito alto significa nos afastarmos da única coisa que dá sentido e significado à vida”. (BROWN, Brené; 2016, p. 28). Pontua ainda que vulnerabilidade é correspondente à incerteza, ao risco e à exposição emocional.

Ou seja, demos assumir as nossas vulnerabilidades. E o ponto alto é quando reconhecemos que a vulnerabilidade e a coragem andam juntas, pois ambas se refletem na exposição, pode parecer uma tortura, contudo isso não tem absolutamente nada relacionado com fraqueza. Por isto gosto tanto da Brown, ela pontua essa questão de uma maneira muito leve e ao mesmo tempo nos chama para a responsabilidade frente às nossas escolhas.

Mas, afinal o que tudo isso tem a ver com o Coaching?

O processo de Coaching é uma chamada para a ação, uma mola propulsora de desenvolvimento, uma metodologia que faz com que as pessoas saiam do eixo de conforto e, por isso, é um oceano de vulnerabilidade. Isso é perfeito!

O processo de Coaching nos encoraja e às vezes até escancara que para conquistarmos nossos sonhos e objetivos é necessário sermos capazes de acolher nossa vulnerabilidade, ao invés de lutar contra ela.

O desenvolvimento pessoal começa quando olhamos primeiro para nossos sentimentos, acolhemos nossas angustias e agimos para a transformação.

Para mim era um desafio faraônico publicar textos, escrever respostas em fóruns de discussão, debater em um grupo e falar em público era (e às vezes ainda é) uma verdadeira tortura. Algumas questões estão mais tranquilas, parei de medir forças com meu medo e aceito melhor a vulnerabilidade da exposição. Não sou fraca, reconheço melhor minhas possibilidades de ação e tento não me esconder diante desses desafios. Encontro força e coragem dentro de mim.

E foi desse modo (à flor da pele) que conectei as ideias sobre a força da vulnerabilidade com o processo de Coaching. Faz sentido para você?

BROWN, Brené; A coragem de ser imperfeito: Como aceitar a própria vulnerabilidade, vencer a vergonha e ousar ser quem você é. 2016. Editora Sextante.

ROSENBERG. B, Marshall; Não-Violenta: Técnicas para aprimorar relacionamentos pessoais e profissionais. 2006. Editora Ágora.

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Andressa do Carmo Pereira
Andressa do Carmo Pereira

Graduação em Psicologia pela PUC/MG (2013); Pós-Graduação em Intervenções Psicossociais pelo Centro Universitário UNA (2015) e Formação em Coaching Psychology pela Academia do Psicólogo (2017). Atua como Psicóloga Clínica de adolescentes e jovens adultos; Orientadora Profissional e Coach. É apaixonada pelos temas: empreendedorismo, adolescência, juventude, carreira e comportamento humano.



Formação em Coaching exclusivamente voltada para psicólogos formados. Temos o objetivo de capacitar psicólogos a atuarem também como coaches, porém fazendo uso de todo o conhecimento em Psicologia já adquirido ao longo da graduação.

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