Há algum tempo venho refletindo sobre este tema. Apesar de não ter uma comunicação nem um trabalho voltado especificamente para Coaches, volta e meia algum entra em contato comigo e me pergunta como alcançar algum objetivo, desenvolver alguma habilidade ou mesmo vender seu trabalho.

Dia desses, em uma conversa com uma Coach, perguntei: você já foi Coachee? Já contratou um Coach para alavancar o seu negócio? E a resposta dela: Ainda não. É um processo caro, quero estar mais definida para contratar. Devolvi: mas se a sua dificuldade é definir, como imagina estar “mais definida” para contratar?

Depois desse papo, ficou mais claro para mim que boa parte do insucesso de alguns profissionais na área talvez seja não lançar mão justamente do processo que eles desejam aplicar nas outras pessoas. Fazem o curso de formação, depois mais cursos de ferramentas, mais cursos de marketing, e um processo de Coaching mesmo, muitos ainda não realizaram. Agora me diz: como você vai catalizar e gerar mudança no seu cliente, se você nunca esteve do lado de lá?

Fazendo um paralelo com a Psicoterapia, processo totalmente diferente do Coaching, mas que nesse contexto para mim faz sentido: um bom terapeuta faz psicoterapia. Ao menos fez alguma vez na vida. Desconfio muito de um terapeuta que nunca sentou na frente de um outro terapeuta como cliente, e sofreu o processo. Da mesma forma, acredito que seja muito relevante que um Coach tenha se colocado no lugar de Coachee. Acredito que somente estando nesse lugar, conseguimos ter a real dimensão do que é de fato o processo de Coaching, onde ele se ampara, como ele acontece, para além das ferramentas.

Outro aspecto dessa questão, e onde o paralelo com a Psicologia também faz sentido, é que queremos uma sociedade que se ampare em nossos processos de tratamento psicoterápicos, mas ainda há muitos Psicólogos se debatendo com suas questões sem procurarem Psicoterapia. Assim como muitos Coaches patinam em suas carreiras e ficam procrastinando mudanças importantes, e não contratam um Coach. Se nem nós consumirmos (e aqui digo “consumir” no melhor entendimento do termo) nosso trabalho, porque acreditamos que a sociedade vá fazê-lo?

No que tange as minhas experiências pessoais, em ambos os casos, eu sofri o processo antes de me tornar aplicadora dele. No caso da Psicologia, aconteceu o seguinte: aos 17 anos, como a maioria dos jovens, precisava decidir qual curso superior faria, e como havia cursado um ensino médio técnico, optei pela Engenharia Agrícola, afinal, na minha cabeça era a evolução lógica do curso técnico em Agropecuária, que eu tinha amado! Enfim, fui lá, prestei o tal vestibular na UFV, e passei! Primeiro dia de aula, disciplina: Cálculo 1. Minha sensação: errei totalmente de curso. Era péssima em matemática e todas as disciplinas de exatas, e fora pouquíssimas coisas que me interessavam, estava tudo errado. Não demorou muito (aliás, demorou, o coordenador do curso veio perceber que eu não seria engenheira eu já estava no sexto período), a universidade através do coordenador me procura para entender meu caso. Ora, era simples: não tinha perfil para aquele curso. Fui encaminhada para o setor de reorientação profissional que existia na universidade e lá me deparei pela primeira vez com um Psicólogo. Resumidamente, não daria pra descrever aqui toda intensidade do que aconteceu, foi este profissional que me ajudou a encontrar o meu caminho, entender minhas habilidades e principalmente me ajudou a parar de me culpar pela escolha errada. Fez mais ainda: foi no consultório do Psicólogo que eu pude revelar a minha família, com o suporte dele, que o sonho deles de uma filha engenheira chegaria ao fim.

Após passar por este processo todo, me dei conta de que era exatamente aquilo que eu desejava para a minha vida: um trabalho onde os resultados fossem parecidos com aquele que aquele Psicólogo havia me ajudado a construir. Tranquei a engenharia e no mesmo ano já estava na primeira aula de Psicologia. Disciplina: Processos Psicológicos Básicos. Estava tudo certo! E de lá para cá, a terapia é o meu alicerce como profissional e a minha principal ferramenta de desenvolvimento pessoal.

Com o Coaching não foi diferente. Após realizar o curso de Empreendedorismo para Psicólogos eu ainda estava insegura. Tinha muita dificuldade de abrir mão do que era a Psicologia para mim. Trabalhava em um contexto que eu não gostava, e praticamente pagava para atender, já que me deslocava de uma cidade pra outra, e os lucros não pagavam nem o combustível. Olhava para a carreira que eu tinha definido com tanto empenho, entrega e esperança lá atrás, e após anos no mundo corporativo que também não me realizaram, a clínica começava a ser tornar mais uma decepção. Foi aí que encontrei o Coaching, mais especificamente o Coach! O que ele fez? Retirou da frente dos meus olhos uma cortina de fumaça que me impedia de ver quais eram as potencialidades do meu trabalho, como eu poderia ajudar mais e mais pessoas, com a incrível diferença de que agora eu também me ajudaria. Através das nossas sessões eu fui percebendo que tinha a carreira certa, que minha escolha não tinha sido em vão, eu só estava agindo e atuando de forma errada. Após concluir o processo como Coachee, de novo, me veio a sensação de que ser Coach traria outro sentido para minha profissão e para minha vida. Não exagero quando digo que para mim, a formação em Coaching Psychology foi como uma segunda graduação. Sou outra profissional, talvez outra pessoa.

Passar pela experiência dos processos tanto de Psicologia quanto de Coaching me faz entender meus clientes e coachees de uma maneira muito empática. Mais do que nunca eu acredito que não há teoria que supere a vivência. Sofrer os processos, muitas vezes no sentido literal da palavra, encheu minha prática de significado e dá sentido para o que eu realizo hoje e quero realizar no futuro.

Meu objetivo hoje é fazer dessa experiência cada vez mais um diferencial na minha prática, tornando mais transparente e claro para meus clientes e coachees que vivenciei o Coaching (e a Psicologia) de dentro. De dentro do processo e, mais ainda, dentro de mim!

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Karina Drumond
Karina Drumond

Psicóloga formada há 13 anos pela UNIVÁS, e em Coaching Psychology pela Academia do Psicólogo. Atua em clínica com Adultos e Adolescentes, no projeto Pais Possíveis, e realiza processos de Parental Coaching. Realiza treinamentos, palestras e é autora do e-book Pais Possíveis, Filhos Incríveis – 3 atitudes fundamentais para se conectar com seu Adolescente. Também escreve para o canal Licença Maternidade, falando sobre Adoção.



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