Nas últimas décadas a palavra Coaching tornou-se presente nas redes sociais, na mídia, nas empresas e universidades. Minhas primeiras investigações sobre o assunto foram em 2008. Busquei na literatura internacional boas referências para conhecer a proposta que era pouco conhecida no Brasil. Atualmente percebo que há excesso de informações, mas pouca compreensão sobre o tema!

Se você está investindo nesta área ou pretende escolher um bom coach ou sempre está atento às tendências mundiais, convido-o para um diálogo enriquecedor, onde apresentarei algumas das melhores referências no assunto que inspiraram minha trajetória.

Primeiramente vejamos como o Coaching se situa ao redor do mundo. CEOS do mundo inteiro têm seu próprio coach. Erick Smidth, Ceo da Google, e Eneida Bini, Presidente da Avon do Brasil, são alguns exemplos. Veja a entrevista:

O método inovador alia conhecimentos de Psicologia, Gestão Estratégica e Filosofia, dentre outros. Ganhou adeptos de “peso” na área da educação, da Psicologia, da elite do esporte e do mundo corporativo. Como diz Erick Smidth: “Todo atleta famoso, todo artista de sucesso tem alguém como coach”. Universidades como Insead e Harvard têm coaches de carreira para acompanhar os alunos além de professores que são coaches renomados. Veja em Harvard Business Publishinhg – entrevista com Lauren Mackler – psicóloga, coach e consultora:

Outra referência é a proposta de Mintzberg, consultor na área de negócios, bestseller, professor na McGill University em Quebec. Sua proposta chama-se: Coaching Ourselves. Vale a pena conhecer: https://coachingourselves.com/

No Brasil, uma das pioneiras é a Rosa Krausz, socióloga pela USP. Ela faz um trabalho brilhante como coach de executivos e é autora do livro: Coaching Executivo, a conquista da liderança. Na Fundação Dom Cabral o tema está presente na pós-graduação. A disciplina (optativa) “Coaching” faz parte da estrutura do programa na área de Gestão (pelo menos em 2010 quando estudei lá!).

Mas afinal como se forma um bom coach?

Volto a pergunta para você: já pensou como se forma um bom consultor? Um bom professor?

Um bom diretor de cinema? Um bom escritor?

Você já escutou: ele é consultor, formou-se em tal universidade?

Ou: ele é professor, formou-se em tal universidade para lecionar?

Não há faculdade de consultoria!  Se sim, não é uma exigência!  O mesmo se aplica para docência e várias outras práticas profissionais.

Consultores do mundo inteiro, da área de negócios, finanças, processos e comunicação constroem uma experiência que alia a formação acadêmica à sua experiência profissional. Já pensou que a mesma lógica pode se aplicar à prática profissional de Coaching?

Vou citar minha trajetória como exemplo: trabalho com Coaching com ênfase em liderança e carreira. Formei-me em Psicologia, fiz pós em gestão (Fundação Dom Cabral), fiz MBA em Desenvolvimento de Gestores (Fundação Getúlio Vargas) e aprendi, em outros cursos, um método de trabalho totalmente diferente do que já havia aprendido chamado Coaching. Atualmente, como estou em busca de aprimoramento constante, participo da Formação em Coaching Psychology da Academia do Psicólogo (certamente uma das melhores do país). Atuei como gestora/líder (5 anos), coordenei uma equipe de professores em uma ONG (Cariúnas/2 anos), tenho experiência como professora e sou aspirante a escritora! (Longa esta apresentação, heim? Fiz um resumo!).

Veja, a formação de um bom coach é construída com a soma de diversos fatores: cursos, experiências práticas bem sucedidas e muito estudo. Os cursos de Coaching são complementares. Dentro da mesma lógica não se forma um líder em um MBA e também não se forma um chef de cozinha na faculdade de gastronomia, sabiam?

Estou apresentando um “retrato” atual e certamente esse cenário pode mudar! No entanto, caro leitor, não encontrei, até o momento, um “movimento” internacional no sentido de transformar o Coaching em profissão regulamentada. Da mesma forma que não há nesse sentido uma proposta para transformar a consultoria em profissão. Esse discurso para mim não faz sentido.

Outra questão: na era da informação, rumo à era da inovação, muitas carreiras estão fora dos moldes tradicionais. Vamos explorar a lógica (ou a ausência dela) de uma carreira contemporânea. Recentemente pesquisei a proposta de Erica Ariel e gostaria de citá-la como exemplo. Professora em Harvard e escritora, tornou-se uma das maiores referências em desenvolvimento de lideranças, com um workshop que realiza com executivos, juízes e líderes do mundo todo: http://www.ericaarielfox.com/

O workshop (pelo que compreendi) é bem parecido com um processo de Coaching de equipes, no entanto, ela não se denomina coach. Erica, com sua inteligência brilhante, adentrou a área da psicologia, do comportamento, mas o interessante é que ela é advogada! O workshop faz tanto sucesso que Daniel Goleman, psicólogo e papa da Inteligência Emocional, ficou fascinado com a proposta e fez uma série de entrevistas com a autora do projeto.

Ah, lembrei-me de um exemplo brasileiro! Içami Tiba, referência em educação infantil com o bestseller “Quem ama Educa” e vários outros livros publicados, tinha como prática profissional a orientação de pais além de palestras na área da educação. Interessante, ele não era psiquiatra?
Outro exemplo de carreira que foge dos moldes tradicionais refere-se a uma das maiores referências no Coaching na área comportamental: Marshall Goldsmith. O cara reúne um “time” brilhante de clientes bem sucedidos. Ele é economista com MBA em Administração.

Voltemos à formação. Ao contrário do que muitos pensam, o Coaching não é uma prática recente. Sócrates, com sua maneira de instigar e questionar – Método Socrático – pode ser considerado uma das grandes referências desse estilo chamado atualmente de Coaching. Peter Drucker, como grande pensador do mundo dos negócios, nas suas consultorias tinha um estilo próprio de instigar os clientes com perguntas poderosas! O Papa da Administração também tinha um estilo “Coaching” de abordar seus leitores. O estilo era tão marcante que um dos seus livros é totalmente baseado em perguntas para instigar o leitor: “As Cinco Perguntas Essenciais que você deverá fazer sobre sua empresa”.

Lembra-se do filme “Sociedade dos Poetas Mortos”? Um filme emocionante que aborda uma relação de crescimento entre alunos e professores, bem ao estilo Coaching.

É por isso que o Coaching é uma metodologia inspiradora. A proposta tem como princípio norteador fazer perguntas inteligentes em prol das conquistas do cliente – que é quem tem as respostas. A força de um processo de Coaching vai além dos títulos: está na relação que é construída entre coach e coachee. O coach é um profissional especializado que apoia e estimula o coachee para conquistar desempenho superior.

Perceba que coach é o profissional, Coaching é o processo e coachee é o cliente: aquele que contrata o coach.

Outro aspecto interessante sobre a metodologia é que reúne reflexão e ação, filosofia e prática, conscientização e estratégia! Esta alquimia de saberes, na minha visão, é o que torna o processo tão interessante! Nesta perspectiva um bom coach precisa ter (ou desenvolver) competências complementares tais como pragmatismo e sensibilidade, capacidade de reflexão e síntese, visão global e percepção atenta aos detalhes, empatia e assertividade.

O Coaching já está presente nas melhores e mais tradicionais instituições acadêmicas do mundo. Tem sido incorporado na área da Psicologia com a abordagem Coaching Psychology, um movimento que teve início na Austrália e recentemente está se expandindo no Brasil formando uma nova safra de coaches psicólogos. Para minha surpresa, o Coaching também está presente em programas de desenvolvimento da UNESCO.

Nem vou perder tempo tecendo comentários sobre propostas “rasas” que existem no mercado, expostas de forma banalizada, afinal há médicos com clínicas clandestinas, enfermeiros que dopam pacientes, pedagogos que agridem crianças e jornalistas que publicam dados que não existem. Quando não há profissionalismo nem o melhor diploma salva! O assunto aqui está em outro patamar. Citei referências de excelência (nacionais e internacionais) e desafio o leitor interessado a pesquisar ainda mais, afinal o tema pode render muitas páginas…

Espero que tenha compreendido meu ponto de vista e um pouco mais sobre o vasto mundo do Coaching. Busquei de forma simples, abordar um assunto complexo! E isso me faz lembrar a Clarice Lispector:

“Que ninguém se engane, só se consegue a simplicidade através de muito trabalho”!

Agora leitor é com você: como se forma mesmo um bom coach?

Deixe seu comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado.

Comentários
  • MARIA LUIZA COSTA - 02/11/2016

    Obrigada Thaís, pela apresentação tão esclarecedora.

    Responder
  • Juliana Cunha - 27/10/2016

    Realmente! O conhecimento é vasto e o coach nos permite enxergar o quanto somos multidisciplinares e capazes!

    Responder
    • Thaís Autor - 31/10/2016

      Que bom Juliana!

      Responder
  • Fidencio Maciel - 26/10/2016

    Thais, o artigo é muito bom! Pouquissimas pessoas sabem o que é um coach. É muito importante este esclarecimento. Veja, iniciei uma carreira de escritor e acho preciso de um coach.

    Responder
    • Thaís Autor - 31/10/2016

      Concordo com você! Pouquíssimas pessoas sabem o que faz um coach! Grande abraço!

      Responder
  • Fábio Bandeira de Mello - 26/10/2016

    Argumentos bem embasados. A verdade é que toda pessoa devia ter um bom coach do lado. Agora, é muito importante separar o joio do trigo. Há muita oferta ruim no mercado. Parabéns pelo texto, Thaís. Tem que publicar no ADM também. :)

    Responder
    • Thaís Autor - 26/10/2016

      Obrigada Fábio! Acredito que quanto mais informações de qualidade for compartilhada as pessoas tornam-se mais instrumentalizadas para discernir e realizar suas escolhas. Da mesma forma que entramos em uma livraria e encontramos um literatura de altíssima qualidade e livros de péssima qualidade, lado-a-lado e cabe ao leitor decidir o que deseja ler. Grande abraço! ;-)

      Responder
  • Luis Fernando Machado Ferreira - 26/10/2016

    Eu sou muito crítico em relação ao trabalho e abordagem de muito profissionais que se vendem como coaches, muito bem formados e com muita bagagem, mas que não possuem a empatia necessária para que essa relação com o coachee seja produtiva. Tive aqui comigo na Groove um parceiro, amigo e mentor, que me ajudou muito nos últimos anos a colocar minhas idéias no lugar e a organizar a minha empresa para futuro. Ele era mais velho, tinha mais experiência, mas nunca se colocou como meu coach ou professor. Na verdade, ele sempre diz que aprendeu muito aqui e construímos, além de uma sociedade, uma amizade e, principalmente, uma admiração mútua. resumindo, não acredito em gurus, mestres ou guias. Acredito em pessoas que conectam e quem ensinam e aprendem, juntas! Boa, matéria para refletir.

    Responder
    • Thais Autor - 26/10/2016

      Concordo Luis! Que ótimo esta experiência de troca! A força de um processo como este está na relação! Infelizmente há esse "apelo" para que as pessoas se coloquem como "gurus" não apenas na área do coaching, mas na medicina por exemplo! As relações interdependentes de troca são como um jogo de "frescobol" como diz Rubem Alves, o importante é manter a bola no ar, não há "melhor" nem "pior", não há "gurus" nem "ganhadores". Esta qualidade na relação que promove o crescimento mútuo! ;-) No texto abordei o assunto da formação pois há muita falta de informação sobre o tema! Obrigada pela contribuição!

      Responder
  • Giselle Moraes - 22/10/2016

    Brilhante! Como enfrentar os desafios do mundo moderno, paradoxalmente com tanta inovação e desigualdade caminhando lado a lado, sem uma formação e atuação integral? Se essa integração for bem orientada, quanto melhor! Parabéns Thaís pela construção da ideia e obrigada por compartilhar. Grande abraço.

    Responder
    • Thaís Autor - 25/10/2016

      Obrigada Giselle! Realmente a era do conhecimento é marcada por inovação e desigualdade e a integração requer muitas vezes a contribuição de um profissional capacitado como um coach. Acredito que esta capacidade de integrar saberes e gerir o conhecimento torna-se cada vez mais necessária e o autoconhecimento fortalece o desenvolvimento dessas habilidades tão caras no mundo contemporâneo! Obrigada pelo feed back! Grande abraço!

      Responder
Thaís Simões
Thaís Simões

Thaís participou da 2ª turma da Formação em Coaching Psychology. É Coach-consultora na área de desenvolvimento de lideranças e carreira. Formada em psicologia, Pós graduada em gestão de pessoas pela Fundação Dom Cabral, MBA em desenvolvimento de Gestores pela Fundação Getúlio Vargas. Co-autora do ebook Driblando a Crise: como dar a volta por cima e prosperar lançado pelo portal Administradores.  Atendimentos online ou presencial.



Formação em Coaching exclusivamente voltada para psicólogos formados. Temos o objetivo de capacitar psicólogos a atuarem também como coaches, porém fazendo uso de todo o conhecimento em Psicologia já adquirido ao longo da graduação.

  • Facebook
  • Facebook

Tel / Whats: 11 98125-2462

suporte@academiadopsicologo.com.br




© 2024 Coaching Psychology. Todos os direitos reservados. Uma Formação da Academia do Psicólogo