Autores: Ghoeber Morales e Samuel Silva

“Se o futuro é incerto, a preparação para esse futuro é certa.” Leandro Karnal

Não é possível prever o futuro, mas isso não é desculpa para deixá-lo ao acaso. O futuro pode ser compreendido como fruto das nossas ações e das suas consequências conectadas com as ações de outras pessoas e dos movimentos da natureza num determinado contexto. Então, em certa medida, podemos planejá-lo e construí-lo. Pensar o futuro não em termos de previsão, mas sim como possibilidades, nos responsabiliza e dá conforto: o futuro é uma construção da qual fazemos parte.

Assim, gostaríamos de iniciar nosso texto ressaltando que os nossos apontamentos quanto ao futuro não são previsões, mas sim possíveis implicações da forma como vivenciamos o Coaching atualmente e algumas reflexões surgidas a partir dessas observações. Venha conosco nesta viagem rumo ao futuro – que nada mais é do que o desdobramento do que vivemos agora.

Abaixo, destacamos 13 implicações sobre o futuro do Coaching no Brasil.

1. Seleção Natural

O conceito de seleção natural, cunhado por Charles Darwin, pode ajudar a compreender um fenômeno que, possivelmente, acometerá o Coaching nos próximos anos.

Observa-se que o Coaching vive um momento de expansão. Alguns dizem, inclusive, que ele está na “moda”. Parece que o Coaching está na moda? Sim. Isso é necessariamente um problema? Não. A questão no modismo que pode vir a ser um problema é o conflito entre OPORTUNIDADE e OPORTUNISMO. A grande propagação do Coaching abre portas tanto para ótimas oportunidades para bons profissionais quanto para péssimos profissionais, que querem apenas obter vantagens sem oferecer conteúdo, ou seja, oportunistas.

Além disso, as pessoas julgam tudo que é moda como se fosse massificado, banalizado… às vezes é assim mesmo. Contudo, por outro lado, é natural observar esse “boom” do Coaching, tendo em vista que ele é uma metodologia eficaz e que, de fato, impacta pessoas. Esse “boom” é esperado no surgimento de algo inovador (como foi o caso, por exemplo, da prática de pilates e de personal-trainer há alguns anos). No entanto, depois que a prática se torna estável, a já mencionada “seleção natural” se encarregará de consolidar as boas práticas e extinguir as inadequadas.

O futuro desse “boom” do Coaching será, provavelmente, a consolidação das boas práticas. E acreditamos que os psicólogos-coaches têm tudo para estar entre essas atuações selecionadas.

2. O Coaching é pragmático.

Num mundo capitalista, o pragmatismo garante a sobrevivência.

3. Foco nas pessoas

Nos seus primórdios, o coaching esteve fortemente vinculado aos esportes. Nasceu para desenvolver nos atletas fatores internos relacionados ao seu desempenho, e não apenas a capacidade técnica. Logo após esse período, a metodologia foi generalizada para as organizações como forma de aumentar a performance dos funcionários e, assim, gerar maiores lucros e retornos para as empresas. Atualmente, no entanto, podemos nos arriscar a dizer que a principal atuação do Coaching está direcionada a pessoas, não necessariamente no campo esportivo nem no empresarial, mas em suas vidas como um todo.

Portanto, se no passado o Coaching focou nos esportistas e colaboradores, hoje a tendência é atuar junto às pessoas em sua vida diária (Life Coaching). E esse parece ser o caminho que está cada vez mais por se consolidar. Para nós, psicólogos, essa talvez seja a melhor notícia.

4. O fator humano continuará sendo um diferencial.

A Psicologia nunca esteve tão em alta e isso continuará numa crescente, em nossa opinião. Nossa profissão, como psicólogos-coaches, é insubstituível por máquinas/robôs.  Robôs não conseguem interagir e extrair as melhores respostas das pessoas (algo dinâmico).

5. Nem tudo no futuro do Coaching tem implicações positivas para a profissão. Podemos identificar também, alguns riscos:

a. Exercício da profissão sem a capacitação adequada.

Essa é uma implicação que já sofremos. Por ser uma profissão não-regulamentada (e acreditamos que continuará sendo), a fiscalização acerca do exercício profissional do coach é frágil – para não dizer inexistente.

Um possível risco para o futuro é que profissionais pouco capacitados continuem atuando de forma pouco comprometida com os princípios do Coaching, confundindo serviços e metodologias e não entregando resultados, ou o fazendo de forma antiética.

b. Saturação do mercado.

Esse é um fenômeno que em algum momento afeta toda a atuação profissional. Observamos, por exemplo, um grande aumento da demanda pela engenharia civil há alguns anos (período anterior à Copa do Mundo sediada no Brasil). Hoje, entretanto, observa-se uma saturação do mercado. Com o Coaching não deve ser diferente. Atualmente vivemos um período de grandes demandas e investimentos nesse ramo. É natural que haja uma diminuição nesse quadro nos próximos anos. Tem como ser medida? Não. Algumas áreas serão mais afetadas que outras? Talvez. Será definitiva? Provavelmente não. Mas o que podemos afirmar de fato é: a saturação retira do mercado as práticas com poucos resultados, ou seja, os bons profissionais (capacitados, atualizados) permanecerão. Luisa Eugênia Reyes Recio (coach executiva, empresária e professora titular da Universidade de Madrid) diz: “ – Ou eu me distingo ou me extingo”. E viva a seleção natural!

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6. O Coaching é uma atuação com baixo custo de manutenção.

Vivendo em um mundo que cada vez mais precisará pensar em estratégias para minimizar gastos (seja por questões econômicas e/ou ambientais), o Coaching surge como uma possibilidade profissional com baixo custo, uma vez que não prescinde de um lugar físico específico para que aconteça – pode ser o ambiente virtual, por exemplo.

7. As pessoas cada vez mais precisarão de ajuda.

O mundo, infelizmente, parece estar se tornando um ambiente que gera infelicidade nas pessoas. Nosso ambiente social está cada vez mais exigindo das pessoas e, consequentemente, se tornando um lugar difícil de viver de forma leve e feliz. Estamos retornando a um tempo no qual os mais fortes sobreviverão. Nesse sentido, cada vez mais as pessoas precisarão de ajuda para lidar com essa realidade.

8. Os níveis de exigência de desempenho serão cada vez maiores.

Será necessário, cada vez mais, extrair o melhor das pessoas.

9. A demanda tende a se estruturar, organizar.

Veja que não estamos falando em crescer ou diminuir, pois esse tipo de previsão é arriscada. O fato é que ela irá se organizar e estabilizar com o tempo (em qual nível, não sabemos). Hoje muitas pessoas ainda não sabem exatamente o que o Coaching é nem o que o coach faz. Diante disso, muitas pessoas tendem a associar o Coaching a: I) charlatanismo; II) “coisa só para empresa”. Ambos são equívocos que afastam e limitam a experiência das pessoas com o Coaching.

Um dos desafios do coach na atualidade, então, é o “Coaching education”, ou seja, mostrar às pessoas o que é, de fato, o Coaching, educá-las. Quando as pessoas tiverem clareza de como o Coaching pode ajudá-las, elas irão procurá-lo de forma consciente e livre de visões distorcidas.

Logo, se o presente do Coaching é a educação a respeito do que ele vem a ser, o futuro é a procura (demanda) consciente por esse serviço.

10. O Coaching será reconhecido por outras áreas profissionais (inclusive a Psicologia).

Em outros lugares do mundo, como a Inglaterra, os EUA e a Austrália isso já é um fato. Nesses países existem departamentos destinados a estudar o Coaching dentro das faculdades de Psicologia. Seguindo a tendência mundial, é provável que esse seja um dos passos de um futuro próximo do Coaching no Brasil.

11. O Coaching se mostrará uma profissão necessária.

Para qualquer atuação profissional se manter no futuro é imprescindível que ela se mostre necessária para a sociedade. E como isso acontece? A partir do momento em que essa atuação compreende e acolhe as demandas do seu tempo e promove intervenções que geram transformações efetivas. O Coaching terá futuro à medida em que consiga demonstrar sua relevância para as pessoas. E visto a forma como ele tem impactado e transformado a vida de muitas delas, esse item não parece estar distante da nossa realidade.

12. O Coaching estará entre as profissões do futuro.

Já começamos a cogitar quais serão as profissões do futuro. Dentre várias listas, alguns indicativos se mantém, como, por exemplo, profissões que atuam na qualidade de vida e no desenvolvimento humano (Exame, 2013). Sendo estes os pilares do Coaching, é bastante provável que a profissão de coach seja uma das mais valorizadas no futuro (juntamente com a de psicólogo). Podemos ficar duplamente felizes como psicólogos-coaches!

13. Nosso objeto de estudo nunca deixará de existir.

O ser humano tendo a buscar, constantemente, a sua evolução. Nesse aspecto, ao trabalharmos com o desenvolvimento humano, algo constante e que nunca terá um fim, podemos afirmar que a nossa fonte nunca secará.

Iniciamos o texto com Leandro Karnal e vamos terminar com o Mário Sérgio Cortella, que cita uma frase do ator francês Pierre Dac para tecer reflexões acerca do futuro: “O futuro é o passado em preparação”. O que nos permite, também, filosofar. O futuro não está necessariamente lá na frente no tempo (que é relativo). O que estamos vivendo agora será o nosso futuro em 10, 15, 20 anos. Então, melhor do que nos perguntarmos qual será o nosso futuro daqui a 10, 15, 20 anos, é perguntar: Qual o nosso passado daqui a 10, 15, 20 anos? Nos orgulharemos dele? Nos reconheceremos? Nos inspiraremos?

A vida acontece agora. Vamos dar sentido ao que vivemos hoje para que, no futuro, o nosso passado seja um ótimo presente.

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Ghoeber Morales
Ghoeber Morales

Psicólogo pela UFMG, Mestre em Análise do Comportamento pela PUC/SP, Master Coach pelo Center for Advanced Coaching (USA), Membro do Institute of Coaching (Harvard Medical School) e do International Society for Coaching Psychology (Londres).



Formação em Coaching exclusivamente voltada para psicólogos formados. Temos o objetivo de capacitar psicólogos a atuarem também como coaches, porém fazendo uso de todo o conhecimento em Psicologia já adquirido ao longo da graduação.

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